segunda-feira, 28 de junho de 2010

Mariazinha e a coincidência

Mariazinha é a segunda história desagradável. Escrita há muitos anos atrás, a partir de um texto horroroso de um programa/libreto de peça da amiga S. Foi dificílimo colocá-la no livro, encontrar o tom certo, as palavras. Ontem, procurando as músicas da trilha sonora alternativa das histórias no Youtube, encontrei a pérola, As Aventuras de Pedro Malazarte, do Mazzaropi, 1959. Tudo a ver com Mariazinha. Provavelmente devo ter visto o filme na infância (Cine Itapoã, no Gama-DF, depois de 1962, óbvio), não me lembro, reminiscências, subconsciente. O trecho do filme é exatamente como eu enxergo Mariazinha...

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Das Imagens do Parnaso

Trilha sonora das histórias desagradáveis

Grande parte das Histórias Desagradáveis possui fundo musical, música incidental, referências implícitas e explícitas. De Eric Satie a Calcinha Preta, de Ângela Maria a David Bowie, de Blur a Ney Matogrosso, de Wagner a Cascatinha e Inhana, de Chet Baker a Vicente Celestino, Cauby Peixoto, Cassandra Wilson, Chemical Brothers, Marina Lima, Chavela Vargas, Lila Downs, etc, etc, etc. Gosto musical das personagens (e do autor) variadíssimo... Seria divertido encartar na contracapa o CD da trilha sonora nacional e internacional.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Ansiedad

Depois dos últimos acertos, autorizei a impressão do miolo do livro. Ainda falta aprovar a capa, só na segunda-feira (amanhã tem jogo do Brasil). Deve ficar pronto em uma semana! A ansiedade da produção - lançamento, divulgação, conversas nas escolas, nas livrarias, relatório de comprovação de contrapartidas. Friozinho na barriga. Agora não tem mais volta...

terça-feira, 22 de junho de 2010

Como deve ser o Parnaso...

Os nomes das coisas

Tentei entender a razão de ter falado sobre Saramago. Ficou pedante, falso-modesto, inconcluso, matemática ridícula. Escrever para blog deve ser assim, pensei, sempre o risco de cair nas armadilhas do imediato.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Saramago

Li pouco Saramago: A Jangada de Pedra, Levantado do Chão, O Evangelho Segundo Jesus Cristo, O Ano da Morte de Ricardo Reis, História do Cerco de Lisboa, Ensaio sobre a Cegueira, Todos os Nomes. Gosto da torrente de palavras, o labirinto dos períodos, os personagens, os enredos, os lugares meio Kafka, as mulheres. Às vezes lia trechos em voz alta, só para matar a saudade da sonoridade da fala, da alma portuguesa, umidade, chuva, mar e céu cinzentos.

Ilha de Lanzarote

domingo, 20 de junho de 2010

As histórias desagradáveis - final

Agora, as providências finais. Divulgação, local de lançamento, distribuição, datas. Depois do dia 21/07. Torcer para conseguir espaço em jornal, rádio, sites, etc. Realizar as contrapartidas exigidas pelo FAC - a parte mais legal - as palestras nas escolas da rede oficial. É demais... Na época do Rapunzel fizemos várias (com Clarissa - a revisora, com Alex e Sarah – os editores da época), no DF e entorno. É emocionante subir no palco do auditório da escola, falar para os alunos, 90% deles interessados, curiosos, os leitores potenciais, responder perguntas surpreendentes, a sensação de que a conversa rendeu, que frutificará.

Da décima primeira história, foto 1

sábado, 19 de junho de 2010

As histórias desagradáveis parte 2

A segunda etapa tinha menos a ver com literatura, mais com produção. Problemas com readequação de orçamento, com a escolha da editora, com os prazos vencidos do FAC. Problemas pessoais, domésticos, vender casa, comprar casa. Problemas com as articulações enferrujadas de Pandora. M. indicou Amanda, da Guadalupe produções. Uma conversa ótima, muitas ideias, soluções viáveis, produção e assessoria de imprensa profissional para um projeto quase amador, quase artesanal.

Gabriel fez o projeto gráfico. Adaptou-se à teimosia, ansiedade, minha agonia em querer ver tudo pronto do jeito que eu achava que tinha que ser. Ficamos horas ajeitando a capa, fonte maior, cor, intensidade da foto. Escolheu a fonte (Fedra); diagramou; encaixou as imagens da décima primeira história; fez comentários pertinentes; fará a arte dos convites, do blog, do meu cartão de visita (finalmente, aos quase 50, não precisarei mais passar meu número do celular em guardanapos de papel).

Procurei Beth Cataldo, que tinha acabado de lançar o livro sobre os 50 anos de Brasília. Lanchinho light na varanda, muita conversa, dicas valiosas: a criação do blog, a Feira do Livro, lançamento em Brasília, fora, distribuição, divulgação, debate na Livraria X, etc.

Carol foi chamada para fazer as fotos da divulgação. Eu detesto posar, cara de buldogue, gordo demais, as rugas, as pálpebras caídas, o sorriso sem sal, péssimo, mas necessário. Depois de uma exaustiva e engraçada sessão, conseguimos. De quebra as imagens para os postais/convites do lançamento e debate.

Paralelo a isso as histórias sendo reescritas, cinco, dez, vinte vezes. Por fim caí na real. Tinha que sair, logo. Parei de ler. Depois da primeira boneca, além das correções gráficas, pequenas alterações. Nova impressão, mais correções. Até que tomei coragem de ligar para o Editor. Levei os arquivos, discutimos as condições, fechamos o contrato.

Ontem recebi a prova. As últimas correções. Colocamos cor na capa, aumentamos as fontes. O livro ficará pronto em uma semana. Falei com Amanda, precisa de 1 mês para o lançamento. Almir ajudou a escolher a foto da orelha, corrigiu o texto biográfico. O livro ficará lindo.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Projeto da capa, por Gabriel

As histórias desagradáveis parte 1

É meio redundante falar do processo de criação das Histórias Desagradáveis. A maioria delas surgiu há muito tempo, pelo menos uns dez anos. Em 2008 juntei todas no projeto que o FAC (Fundo de Apoio à Cultura, da Secretaria de Cultura do Distrito Federal) aprovou, aí começou o verdadeiro processo de escrita.

Tudo demorou e a demora era uma boa desculpa. Demoraram a liberar a verba, então eu não me dedicava. Demoravam a passar as crises pessoais, eu esperava. Demoravam a passar os dias eufóricos, os dias deprimidos e os contos lá, na tela do mac, no pc do trabalho, no máximo uma, duas horas de trabalho por dia.

Além disso, paralelamente e em passos também lentos, eu desenvolvia o projeto do livro sobre o Kwed’Bessenken, terreiro de candomblé jeje da amiga C. A pesquisa terminada, o livro formatado (ficou lindo, mas falta revisão, legendas das fotos, etc), não havia mais desculpas, eu tinha que me dedicar aos contos.

Quando achei que estavam prontos, mandei-os para M. e A. (com os devidos agradecimentos). Me deram um banho de água fria. M. escreveu uma página inteira de broncas, de críticas, de puxões de orelha maternais (os lugares-comuns, as repetições, os vícios de linguagem, dentre outros). Sugeriu mudanças, retirar os piores, deu notas para os passáveis (muitos sete, alguns oito e nove, e dois dez!).

A. leu com muita atenção. (A capa seria uma de suas fotos maravilhosas). Apontou problemas de continuidade, de coerência, de construção. Só que demorou demais. Quando ele mostrou as anotações, as histórias já eram diversas das que ele tinha lido. O que ele apontou foi retrabalhado nas novas versões.

Tomei vergonha na cara. Me entreguei. Até tirei férias para trabalhar. Foram dias maravilhosos. Eu acordava cedo, nadava, sentava no computador, escrevia até a hora do almoço, dormia meia hora, voltava para os textos, malhava, lanchava e pegava no batente de novo até meia-noite, uma da manhã, todos os dias. O próprio escritor.

Com o fim das férias (só 10 dias), as histórias tomaram corpo, consistência, vida própria. Algumas foram totalmente reescritas. Outras quase não sofreram modificações. As piores foram para a pasta das inclassificáveis. Mandava as histórias para a revisão. Quando voltavam já tinha mudado tudo, mandava de novo, duas, três, dez vezes (grato também à paciência da revisora).