sábado, 2 de novembro de 2013

(2 trechos para sempre perdidos)

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Paralelo ao reinado das mulheres na cozinha havia o desgoverno das crianças e do cachorro, desde muito cedo até bem tarde da noite, em todas as partes da casa (só nos era proibido o quarto dos pais), no jardim, entre as galinhas, com os pombos, o cabrito no quintal, a leitoa no chiqueiro improvisado, em volta dos pés de tangerina, na goiabeira, a gameleira em frente ao portão, no muro alto dos fundos ou na mureta baixa da rua, nas casas dos vizinhos.

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Livres da escola, dos cadernos e dos livros, éramos completamente soltos. Comíamos aos grupos, depois das mães, tias, agregadas se esgoelarem de tanto nos chamar. Havia tombos, machucados, brigas, amores secretos e até segurar, fortuito, a mão da prima ou do primo. Havia dois tonéis de metal, quase da nossa altura (acho que eram usados como reservatórios de combustível), cheios de água, onde, em fila, tomávamos banho. Dormíamos todos em colchões espalhados pela sala, os meninos e meninas da roça, os primos e primas maiores e os menores, os irmãos e os amigos que se juntavam à festa.

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