segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Saló

Férias para o veio criativo. Ontem quase arranquei os cabelos por não ter postado nada. Hoje também está difícil. Fiz umas colagens fraquinhas para repor a falha. Pelo menos assisto aos filmes da pasta "filmes baixados" durante o ano. Tá, a maioria esmagadora é água-com-açúcar gay, pouco digna de comentários.

No meio, Saló, o Pasolini que revi, depois de décadas, no lugar da postagem de ontem. Sempre me fascinou o jeito meio trash, tosco, dos filmes dele. Vi pausado. Voltando por causa de um detalhe, o vestido da signora, a nudez do garoto, o enquadramento do cenário. Além de tentar entender o italiano por trás das legendas mal traduzidas.

Denso? Controverso? Maniqueísta? Indigesto? Equivocado? Cristão? Mais pelo menos uns 30 qualificativos e nenhum serve. Talvez único.

Perdi o sono. Passei o domingo mal (claro que ajudado pela seca e pelo calor). A sensação era parcecida com a que senti quando assisti o filme pela primeira vez. No começo dos anos 80 (Saló é de 1975). Eu não me lembrava de quase nada. A não ser a sensação ruim. Além, claro, das cenas escatológicas e de sexo (nem tão explícito assim).

Os atores veteranos são maravilhosos. As atrizes que narram suas experiências sexuais são divinas. Os jovens prisioneiro(a)s e os soldados são lindos. Alguns deles, dizem, Pasolini recrutava entre michês, garotas de programa, operários, faxineiras, vagabundos do Termini. Desde a primeira, até pouco antes do final (quando tudo começa a desandar), a composição das cenas é extremamente simétrica, rígida, pesada.

O horror não está nas imagens, mas sim nas palavras que as imagens descrevem. Um horror atual, inequívoco, escondido nas entranhas de cada um de nós.

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