A trilha estreita divide: de um lado o paredão de pedra. Do outro, o abismo.
No rochedo há górgonas pousadas nas cavidades. Ansiosas para serem encaradas. Mas não será meu o coração que elas transformarão em pedra.
Do outro lado o vazio, a queda, o vento, o mergulho, o fundo, o mais fundo. E no fim o escuro e o barulho da arrebentação nos arrecifes. Por sorte tatuei um par de asas nas minhas omoplatas.
Fecho os olhos. Sigo em frente. Passos de sonâmbulo. Sentidos amortecidos pela impossibilidade. Pernas e os braços envenenados pelo medo. Guiado pelos fogos-fátuos até o cão de três cabeças que vigia as minhas incertezas.
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