sexta-feira, 6 de abril de 2012

diário de férias do velho sátiro

Cisnes grasnam no charco. Os mugidos do cio de Pasífae trazidos pelo vento misturados aos trovões. Sapos e salamandras entram pelos ralos e pelos 7 orifícios da minha cabeça. O eunuco entoa cançonetas de vaudeville enquanto espana o pêlo dos lêmures empalhados.

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Acordei de madrugada com os agouros de um curiango. Interrompendo a carícia e o gozo do sonho. O eunuco aninhou-se em meu peito. Fechei os olhos e fui levado pela ausência. Quando acordei ele partira. Os únicos sinais de sua presença eram a foto do fauninho picada em mil pedaços no cinzeiro, um ramalhete de jacintos murchos na pia e a palavra θάνατος gravada com batom vermelho no granito do lavabo. Pena eu não entender patavina de grego.

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Por falar em augúrios, assistimos à revoada dos pterodátilos. Sobrevoaram as ruínas em círculos largos e espiralados e depois desapareceram na bruma entre os rasgos dos relâmpagos. Impossível precisar a hora: aqui a eternidade não se deixa medir.

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Fossem críveis as predições de Casssandra eu declinaria as férias de mil-e-um dias no Hades com tudo pago e sem direito a acompanhante.




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