Tranquei as portas que não sei onde vão
dar. Fechei as cortinas das paisagens interiores. Bloqueei as frestas, os poros
e os orifícios com fita crepe e jornais velhos e panos de prato e dormi sem
apagar a lâmpada da cabeceira.
Acordei cheio de planos e de grandes metáforas.
Disposto abandonar as naus do passado e seguir pelo continente em direção ao
desconhecido.
Olhei para o relógio marcando 7 horas. Para
o café esfriando no fundo da xícara. Para a fatia de pão saltando da torradeira.
Para a faca lambuzada de manteiga. Para o jarro com tulipas murchas. Para os tufos
de pelo de gato debaixo da mesa.
Voltei para a cama. Esperei a vontade
passar. Ainda não estava preparado para cruzar a fronteira do corriqueiro e do
lugar-comum.
Nenhum comentário:
Postar um comentário