Apesar do fetiche declarado por livros, eu nunca fui apegado. Emprestados, presenteados, doados, perdidos, roubados ao longo das décadas - restaram poucos, distribuídos em 2 parcas estantes no escritório.
Hoje, depois de quase 2 anos (quando foram retirados das caixas de mudança e empilhados, de qualquer jeito, nas estantes) resolvi arrumá-los.
Ordenar, separar, classificar é sempre um dilema. Poesia / prosa / teatro / teoria / outros? Nacionalidades dos autores? Língua em que foram escritos? Períodos? Lidos / não lidos / passíveis de nova leitura? Ordem de tamanho? Optei pela categoria língua nativa. Dentro, as subcategorias da literatura (romance / conto / poesia / teatro / teoria / filosofia). Os livros e catálogos de arte. Dicionários. Livros sobre religiões afro-brasileiras.
Gastei toda a tarde nessa função. E constatei, tristemente:
a) que li muito pouco ou quase nada;
b) que queria ler muito mais;
c) que não vai dar tempo de ler nem 1/100 dos livros que eu queria.
Também constatações estatísticas:
d) são poucos os livros não lidos na estante;
e) predominam livros de autores lusófonos; seguem-se os de língua inglesa e a seguir, espanhola;
f) há um lamentável déficit de eslavos, germânicos, literatura feminina e filosofia;
g) tenho vários livros repetidos, já separados para doação;
h) os clássicos são maioria;
i) cadê os meus Nietzches?
j) surpreendentemente há quantidade considerável de autores novos (bem escolhidos, mesmo que aleatoriamente, em sua maioria nas prateleiras de liquidações).
Da atividade surgiu o dilema: reler tantas vezes quanto necessárias os prediletos ou me aventurar no desconhecido?
E uma espécie de empurrão, do estático para o movimento: não é que o contato afetivo com eles (tirar o pó das lombadas, folhear, ler um trecho ou outro) destravou o bloqueio criativo em que me encontrava há algumas semanas?
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