A amiga M me mandou outro dia o edital de um concurso literário. Os temas dos contos deviam conter “elementos que promovam o bem-estar e os valores morais”. Valores morais tudo bem, eu entendi; a dúvida era o que poderia promover bem-estar.
Há alguns anos achei no sebo uma coleção de romances populares dos anos 50, do tipo os antecessores das fotonovelas dos anos 60/70. Eram traduzidos do inglês britânico e escritos sob pseudônimos sugestivos e sonoros: Roberta Pynn; Maggie Bolls; Samantha Phillips, etc. Há uma história maravilhosa, chamada “A Face Obscura”. A heroína passa o romance inteiro coberta por um véu, para disfarçar uma falsa cicatriz de queimadura, presumidamente provocada pelo ex-namorado. A personagem age assim para manter acesa a chama da culpa no gajo (um médico louco) e atazanar a vida dele ad-eternum. Mais desagradável impossível.
Eu tenho vontade de adaptar a história. Transformar a heroína em herói. Ajustar o texto aos parâmetros do concurso - vingança provoca bem-estar? - inscrever-me (?) e concorrer aos R$ 2 mil do primeiro classificado.
Na coleção tem também a exótica história da gueixa, a da costureira pobre versus a família do nobre amado, a da fazendeira tuberculosa, a da carta anônima, a da falsa amiga, a das férias no México e muito mais...
Um comentário:
Eu tenho pesadelos com a cara queimada até hoje!
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