Ontem foi a abertura de Aos ventos que virão, uma das exposições comemorativas dos 50 anos de Brasília, na galeria mais chique do Planalto Central (segundo N, parece Londres). Título poético e irônico. 150 artistas da velhíssima, da velha, da anterior, da atual e da futura geração e suas performances, novas tecnologias, micro-instalações (a nova onda), fotografias, pinturas e desenhos (dizem que estes últimos também voltaram a ocupar o lugar que lhes era de direito). Até grafite grafitado ao vivo, por trás de um deslocado saxofonista assoprando Pixinguinha pra ninguém ouvir.
Tentei entender o motivo do meu nome não ter sido ventilado. Talvez por não ser simpático ao curador, de longas datas; talvez por desafeto da galerista; ou talvez por mero esquecimento dos pares. Mas pela primeira vez não fiquei chateado, não me importei de não participar daquilo. As artes visuais afastaram-se na razão direta da aproximação da palavra escrita...
A indiferença perdurou até a hora que entrei na segunda galeria: um galpão-revenda de carros com enormes plotagens nas paredes. Bem que podiam ter dependurado um dos meus telões-cenários portugueses (12x6 metros, ia arrasar!). Felizmente a tristeza passou rápido. Despedi dos amigos, comi uma pizza, bebi dois chopes com amores eternos e dormi embalado pela verborragia cortante de Kurt Vonnegut (Hócus-Pócus, de 1993) sobre um professor e veterano da Guerra do Vietnã, muitiiiiíssimo desagradável.
Que venham então os ventos, os tufões, que assomem os vendavais, as tempestades.
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