terça-feira, 24 de agosto de 2010

Paulo Moura e o começo da história

Paulo Moura morreu no dia 04 de julho de 2010. Seus arranjos, seu trumpete, clarineta fizeram parte da minha formação estética, artística e afetiva. Ao som de Pedra da Lua (do LP Confusão Urbana, Suburbana e Rural, de 1976) eu decidi fazer artes cênicas e quase transei pela primeira vez.

1979. Estudando para o vestibular. Me apaixonei por Vera, bailarina. Que não virou minha namorada, mas me levou para a Ensaio Teatro e Dança. Onde me inscrevi na oficina de Dança Livre, coordenada por Ademar Dorneles, bailarino dissidente do Balé Stagium. Ambiente efervescente: SQN 1980 Bloco A, teatro e dança, com cenário de Luiz Áquila, e direção de João Antônio; Graziela Rodrigues ensaiando Graça Bailarina de Jesus, junto com João, Raul de Xangô e Celso Araújo; Maura Baiocchi e Eliana Carneiro aventurando-se o Butoh, Bidô Galvão, Marcelo Ferreira, Ana D’Andrea e tantos outros.

A proposta de Ademar era fazer dançar gente que nunca dançou. Óbvio que já tinha gente experiente no grupo. A trilha do espetáculo SOS Brasília era Villa Lobos, Pattápio Silva e Paulo Moura, quase todo o disco Confusão Urbana. Eu fazia um pas-de-deux erótico. Foi cortado, pois eu não conseguia controlar os hormônios, por baixo da malha fina do balé (compreensível, aos 17 anos) e todo ensaio era aquele vexame.

Eu me apaixonei pelo partner. Fiz poesia, desenhei, mas não rolou. Ademar acabou cortando o “padedê”, por causa da minha incontinência. Estreamos o espetáculo no Galpãozinho, na 508 Sul, depois no Garagem, do Sesc. Apresentamos também em alguns Concerto Cabeças, organizados por Néio Lúcio.

Pouco depois a Ensaio fechou. Ademar e Graziela foram embora de Brasília. Insisti. Passei no vestibular para Artes Cênicas. Com alguns ex-alunos da Ensaio formamos outro grupo, A Trumpe dos Nefelibatas. Que, de certa forma, sobrevive até hoje. Mas é outro revival.

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