domingo, 26 de agosto de 2012

2 motivos para escolher não mais voar pela TAM

Eu sempre simpatizei com a TAM. Gratuitamente. Talvez pelos preços, pelo tratamento diferenciado que dava aos passageiros, no início, antes de se tornar uma mega-companhia aérea. Ou pelo sistema de milhagens um pouquinho mais justo que o das outras companhias, ou, sabe-se lá o motivo. Sempre que podia, voava de TAM.

Até o vôo de hoje. JJ3828. Do Rio de Janeiro para Brasília. O incidente ocorrido beirou ao absurdo.

Era passagem comprada em promoção: R$ 99 cada trecho. Bom para companhia, que preenche a aeronave e bom para o passageiro que economiza uns trocados.

Eu estava ciente da regra: passagem de promoção não tem direito a escolher poltrona. O check-in automático me destinou o lugar 11F. Beleza, na frente. Acomodei a bagagem, sentei-me, prendi o cinto de segurança e retomei a leitura iniciada na sala de espera.

O vôo estava vazio, sábado à noite, talvez 2/3 dos lugares preenchidos.

Todo mundo conhece o extremo incômodo de uma viagem dessas, mesmo que por 90 minutos. Espaço mínimo, pernas encolhidas, coluna vertebral maltratada. Às vezes eu nem reclino a poltrona, porque não adianta e ainda piora a situação do passageiro de trás. Porém, pouco depois da decolagem, o passageiro da frente baixou a sua, fixando o encosto a uma distância de pouco mais de 10 centímetros da minha cabeça. Para não ser esmagado e conseguir continuar a leitura, tentei ganhar espaço reclinando também a minha. Sem êxito, pois a minha era fixa.

Resignei-me. E me adaptei à situação.

No entanto, lá pelo meio da viagem, olhei para trás e constatei que duas fileiras, de ambos os lados do corredor, estavam vazias. Me acomodei em um daqueles lugares. Mal abri o livro, fui interrompido pela comissária me perguntando se aquela era a minha poltrona. Educadamente respondi que não, mas como a minha não reclinava e aquelas estavam vazias, tinha tomado a liberdade de mudar.

A moça nem disfarçou a impaciência de explicar o inexplicável: aqueles lugares estavam reservados para pessoas que pagaram por eles. Só que essas pessoas não haviam comprado os lugares, argumentei, e provavelmente não os reivindicariam, ali, a não-sei-quantos-mil-pés de altura. Inocente, até me dispus a negociar a diferença de valor. A moça foi irredutível. Não havia argumentos. Nem pagando. Era a política da empresa. Os nove lugares permaneceriam vazios e ponto final.

Custava muito ela me deixar ali, nos 45 minutos restantes da viagem, como um bônus, um agrado, um cala-boca, em nome da empresa, a um cliente com dor no pescoço?

A situação merecia um barraco. Mas mantive a classe. Ridiculamente, disse que registraria a reclamação. Voltei ao 11F, abri o livro e demorei a me concentrar na leitura, de tanta indignação.

Primeira lição da moça-empresa: pobre (leia-se “quem compra passagem em promoção”) tem mais é que se ferrar. Espremer-se, pra deixar de ser pão-duro.

Não acabou por aí. Minutos depois, vem o carrinho do lanche. Não abri a bandeja (sinal de que não desejava comer) e continuei lendo. Pois a moça, a mesma, sem me olhar ou perguntar o que eu queria, literalmente jogou o lanche na minha direção. Da mesma forma que se joga um peixe a uma foca ou um osso a um cão.

Era demais.

Devolvi lanche. Se fosse estourado, enfiava a porcaria do lanche carrinho adentro, goela adentro da moça mal-educada (morena, bonita, rabo-de-cavalo – de tanta raiva nem li o nome dela no crachá) que falava, agia e estava sendo extremamente grosseira - em nome da TAM.

Então compreendi o bordão da empresa, mais ou menos como: “o passageiro é quem escolhe a companhia pela qual deseja voar”. Traduzindo: Passageiro, adeque-se aos nossos maus serviços, à grosseria de uma ou outra de nossas funcionárias, porque agora que a gente cresceu, a gente é quem manda. Não reclame, não reivindique. Se não gostar, dane-se, você tem toda a liberdade de procurar outra.

 Segui o conselho. Escolhi. Espero não voar mais pela TAM.

2 comentários:

Anônimo disse...

Primo, foi-se o tempo do Comandante Rolim, que cuidava de tudo bem de perto!!! Se eu fosse você formalizava a reclamação, pode até não dar em nada... mas você está fazendo a sua parte!!! Bjs, Léa

Gladstone disse...

Registrei a reclamação no site da empresa. Linkando com o texto do blog. Até agora, nem um e-mail-padrão dizendo que "a reclamação encontra-se em nosso sistema entraremos em contato logo que possível". É como você falou: pelo menos, fiz a minha parte.