sábado, 11 de agosto de 2012

três continhos contritos e resignados

Não vamos dramatizar. Nem a música boa, o encontro com o caso antigo ou a profusão de rosas vermelhas e cor-de-coral da festa de ontem à noite anestesiaram a minha tristeza. Saída estratégica pela direita, como dizia o leão-da-montanha. Recolhi o resto de dignidade que me sobrava e corri pra casa. Enfiei a cabeça na areia e fiquei quietinho, em silêncio, esperando a tristeza passar.

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Antes mesmo de abrir teu e-mail eu tinha pensado em te ligar (afinal, já faz tanto tempo, a gente é amigo). Para tomar aquele porre, lembrar dos tempos antigos, reclamar do mundo, jurar amizade, amor eternos, confessar situações ridículas da vida de solteiro, chorar no ombro, controlar o tesão e resistir ao beijo da despedida e passar mal o domingo todo, cada um pro seu lado, a cabeça como que implodida por uma bomba de neutrons. Qualquer dia desses a gente combina.

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Isolda resolveu parir justo no lado vazio da cama, no lado onde você dormia quando nós nos iludíamos que o nosso amor duraria mais tempo do que a gente mesmo acreditava. O que estava fora do roteiro romântico eu te conto agora, enquanto jogo no vaso sanitário os corpos dos dois gatinhos, cujas cabeças a mamãe-gata comeu, assim que nasceram.

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