Vemos a perfeição dos objetos, mas ignoramos a qualidade deles, por isso os amamos, porque o amor quase sempre foge, assim que conhece a natureza do que ama. Os antigos pintaram ao amor cego, talvez para mostrar que o amor para ser confiante, é preciso que seja incapaz de ver, e que a falta de luz lhe sirva de prisão. Muitas coisas estimamos somente porque as não conhecemos, e outras porque as não conhecemos, as não estimamos; tanto é certo que não há nada certo no mundo; nos mesmos princípios se fundam muitas coisas contrárias, e opostas entre si.
(fragmento 97 das reflexões sobre a vaidade dos homens, matias aires ramos da silva de eça)
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