segunda-feira, 19 de março de 2012

diário de férias do velho sátiro (2)

Distribuí carne fresca às harpias empoleiradas. Fígado à águia que insiste em me bicar o ventre. Só falta jogar os restos da pizza aos pombos.

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Pelo jeito não vai dar praia. Da espreguiçadeira assisto a fúria da tempestade & trovões & relâmpagos & ventania & ondas de ressaca. Acendo um cigarro. Acompanho com o dedo as entrelinhas do livro das horas. Espalho a caspa & a poeira & os farelos das traças acumulados nas páginas.

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O nome & as preferências do garoto variam. Conforme o gosto do freguês. Bebemos todo o uísque do Olimpo. Dormimos abraçados no escurinho do cavalo de madeira. Ele tinha partido quando acordei. A sede de Sísifo me exaspera. A festa dos titãs acontece no oco das minhas têmporas.

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O garoto de ontem levou a máquina fotográfica & o dinheiro trocado.

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Caminharei pela areia. Com os fones de ouvido & os óculos escuros. Espalharei ao vento o papel picado das fotos & dos bilhetes do fauninho. Comprarei pente & espelho para a mulher de cabeleira de serpentes que vigia a entrada da minha solidão.

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Fecho o livro. Apago o cigarro. Solfejo as andorinhas no fio. O cão dorme com as cabeças apoiadas nos meus pés.

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