O herói largou a mochila no meio da sala. As mãos vazias, como se diz, uma à frente, a outra atrás. Constava, única riqueza, o único despojo, o único espólio, as próprias histórias, talvez menos vividas que inventadas, tanto tempo longe, e que lhe sugeriam um rumo à existência.
Sozinho ele partira. Sozinho retornara.
Não houve para o herói cão, velho servo, ama-de-leite, filho imberbe, esposa, pretendentes, artimanhas ou lutas sangrentas para reaver a casa. Somente a correspondência entupindo a caixa do correio e a fresta sob a porta.
E, amontoada por sobre o sofá e a mesa-de-centro, e se espalhando sobre o tapete, escorrendo pelo chão da sala e do resto da casa, a teia áspera de cada dia, cada hora, cada minuto tecida pela ausência.
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