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Até que o(a) xingador(a) tinha razão. Tenho reclamado, resmungado, arengado, criticado, apontado defeitos demais em tudo - no Cinema Nacional, na obra de Niemeyer, em quem escreve errado, nos programas da televisão e até na presidenta Dilma.
Nunca neguei. Sou da geração que aprendeu que a televisão (ou a religião?) era o ópio do povo. Ela promoveu a alienação utilizada pelo Dragão-Vampiro da Maldade para sugar a última gota do sangue do proletariado e engordar a pança da insaciável Classe Dominante.
Exagero. Mas eu nunca fui porta-voz da unanimidade. Muitas vezes, como diz o chavão, fui bandeira solitária contra a corrente. Nasci com olho virado, ou seja, olho que enxerga além do bom das coisas. O típico fleumático da homeopatia. O depressivo da psiquiatria. O inconveniente dos eventos sociais. O chato da cervejada da sexta-feira.
Talvez pela falta de costume, enxerguei isolado do contexto. Achei belo, intenso e profundo o que vi no programa do domingo: a passista sambando impecável com uma perna de prótese tatuada e de salto alto. O pai que inventou um mecanismo para jogar futebol com o filho com problemas de locomoção. A moça que não gosta de ser chamada de anã vestida de lantejoulas e sambando com o filho e o namorado. A simplicidade da arremessadora de disco agradecendo a deus por ter perdido a perna e com isso conseguido dar uma casa para a mãe. Gostei também da sinceirdade otimista da presidenta. Mesmo que exagerada. E da seriedade com que a diretora do Sarah conduz o trabalho no hospital.
O que me incomodou no programa Esquenta - e por extensão, na Televisão foi (e é) a massificação. A pasteurização. A carnavalização excessiva.
A televisão tem o poder de potencializar. De bombardear informação e imagem. Isso neutraliza, pulveriza qualquer boa intenção. E me deixa tonto, me exaspera, me hipnotiza, me dispersa e não me faz pensar. Definitivamente eu não tenho vocação para telespectador.
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Agora só falta o texto para reclamar das festas natalinas. Depois eu prometo ficar de boca fechada.
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