segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

história de natal - parte 1

Dezembro inteiro era só festa. O povo da roça começava a chegar uma semana antes do natal. Os muito velhos, os mais velhos e as crianças. Geralmente ficavam até bem depois do ano-novo. Traziam todo tipo de mantimento: feijão novo em saco de estopa; dúzias de ovos enrolados em palha de milho seca; pequi, jurubeba, jabuticaba, palmito, guariroba, milho verde; rapadura, queijo fresco, queijo curado; pamonha, curau; frangos, leitoa, até cabrito vivos para sacrificar na véspera.

A cozinha virava um espaço comunitário: dia e noite mulheres amamentando, depenando frangos, descascando réstias de alho, mexendo doce de abóbora, de mamão, de figo, de leite no fogão; assando bolo, biscoito, brevidade, lavando e secando a louça, servindo o almoço em gamelas, pratos e canecas esmaltados, coando inesgotáveis bules de café, chá de losna para a má digestão dos velhos, de quebra-pedra para as complicações menstruais ou de camomila, erva-doce ou capim cidereira para as cólicas dos bebês.


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