23h50. Dentro de casa.
Releio. Constato: sobreviver dá trabalho.
23h. Na varanda.
Lua-ovo torto no meio das nuvens. Céu azul-chumbo. Sereno da noite. Grilos. Barulho da geladeira na cozinha. Cachorro dormindo. Vinho & cigarros & silêncio.
22h30. No carro.
Volto pra casa sozinho. Ouvindo no rádio Gal & Bethânia dos tempos idos. Cantando com elas ah, minha mãe, minha mãe menininha, ah, minha mãe menininha do gantois.
22h. Na rampa do Museu.
Chupo um Halls preto. Ouvindo uma garota de voz linda cantar melancólicas melodias árabes-ibéricas. Depois de tantos encontros. De tantos papos superficiais. E, talvez, depois de olhares que dissessem mais. Tenho me esforçado em superar. Agorafobia?
21h00. Dentro do Museu.
No meio do zunzunzum do evento o telefonema do homeopata. Aguente firme. Esses sintomas são normais. Expurgo das aflições. O novo ressurgirá.
20h35. Encontro o trabalho. Colagens tímidas. Duas delas de cabeça para baixo. Reclamar para quem? Narrativas visuais delicadas. Descabidas ali, no burburinho. Para serem vistas em silêncio & solidão. Engolidas pela exuberância do entorno.
20h30. Dentro do Museu.
Encontros. Resgate de memórias soterradas. Evito assuntos contundentes. Contorno escombros. Busco ilhas de conforto. Reelaborando Cazuza: o banheiro é o refúgio de todos os tímidos. Bicho acuado. A procurar as colagens no labirinto.
20h. No carro.
Dirijo sem rumo até chegar a hora de ir.
19h15. No café.
Me empanturro de sopa de batata baroa com gorgonzola. Torta de nozes. Ouvindo o matraquear da sereia no cio. Aconselhando. Com vontade de dormir. De desaparecer. De enfiar a cabeça na areia escaldante do deserto.
18:40. No carro estacionado.
Hablando con él.
Das 17 às 18:30. No consultório.
Hablando con el terapeuta.
Antes disso, o tédio. Procurando adaptador para o cano do filtro. Barra de alumínio para a cortina do box. Parafusos para a horrorosa cerca de telhas galvanizadas. Cozinhando feijão para os serralheiros. Ouvindo os dramas cotidianos da faxineira. Agendando a cirurgia do cão. Revendo as atividades do dia. Controlando a vontade de dormir. De enfiar a cabeça na areia escaldante do deserto.
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