domingo, 29 de dezembro de 2013

diário de fim de ano para ninguém ler

1.
Tenho sonhado sonhos esquisitos, como há muito não acontecia. Literais e límpidos, apesar do clima e ambientação noir e às vezes pós-apocalíptica. Quase sequências cinematográficas. No de ontem, eu era cortejado por alguém interessantíssimo, mas interdito. Tipo "parente por afinidade". Eu tentando demover a criatura de suas intenções, mas sendo vencido pela argumentação lógico-onírica da personagem.

Confesso, foi demais. Mesmo sem sexo explícito. Ao relembrar as sensações (mais que as imagens). Tive que rir. E recorrer aos clichês psicanalíticos contemporâneos para analisar a simbologia óbvia. Que me perdoe o velho Freud, mas essa fantasia eu faço questão de preservar intacta.


2.
Em clima de ano novo. Contra a vontade. E hoje ainda é dia 29. A tranquilidade da quadra no meio do mato foi invadida e depredada. A vizinha alugou a casa para uma galera. Música ao vivo, alta, desde o meio-dia. De Pink Floyd a Reginaldo Rossi, passando por muita música datada dos anos 80. Agora (21h35), deram uma pausa. Provavelmente para a galera se recompor. Anitta & Bee Gees em volume mais baixo.

Queiram os deuses que falte luz, como costuma acontecer por aqui. Assim poderei dormir e, quem sabe, no sonho, reencontrar o "parente por afinidade" proibido do item 1.


3.
Perdi horas tentando completar a postagem sobre Numa Pompílio. Uma chatice. Acho que vou desistir do exercício sobre Plutarco & seus Homens Ilustres. Quanto mais se aproximam cronologicamente da nossa época, menos incríveis são os seus feitos, mais humanos. E aborrecidos.


4.
Há um gato branco vira-latas, pertencente ao vizinho rico. Um gato muito folgado, que não conhece o significado do termo "propriedade privada". O malandro anda impune pelos quintais dos arredores. Aqui em casa então nem se fala. Já até urinou na minha cama. Zildinha tem pavor dele.

Hoje aconteceu. Enquanto eu coava café depois da sesta, ouvi aquele barulho característico de briga. Corri para o jardim. Zildinha e ele estavam atracados sob a jabuticabeira. Ele imobilizando ela ou ela imobilizando ele, não sei. Sei que a coitada está até agora apavorada, desengonçada, descabelada, traumatizada e totalmente arredia. Mancando e sentindo dor na pata traseira. Vontade sádica de colocar em prática o ditado: escaldar o gatão pra ver se passa a temer água fria. E sumir de vez do pedaço.

Amanhã iremos à veterinária. Dúvida: devo apresentar a conta ao proprietário do felino?


5.
Terminei a leitura do Purgatório, da Divina Comédia. Em oposição ao buraco em forma de funil que é o Inferno, O Purgatório de Dante é uma montanha, com 7 terraços. Em cada um deles aguardam o perdão os pecadores dos 7 pecados capitais, que tiveram tempo de se arrepender em vida. Protelo escrever mais detalhadamente sobre. Pelo jeito o Purgatório terá o mesmo destino de Numa aqui no blog. Chatice que a ninguém interessa.

(O Paraíso, eu nem me lembrava mais, é 99% teologia medieval. Tranquilize-se, leitor(a). Estas serão as últimas e únicas palavras que escreverei sobre o tema).


6.
Nadei ontem. Apolo, Dionisos & Afrodite foram generosos comigo. Além do sol ameno, povoaram a piscina de seus melhores (ou mais lindos) devotos. Eu nunca tinha visto tanta beleza junta na piscina. Com tanto incentivo superei sem esforço o recorde dos 2500 metros.

7.
Como no diário gerúndio dionisíaco do outro dia: erotizando. deserotizando. erotizando. deserotizando.Até quando?

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