domingo, 29 de dezembro de 2013

diário de fim de ano - sobre filmes

Escrevendo pouco e vendo muitos filmes. Desde quarta-feira.

Da internet foram baixados (e assistidos) os seguintes filmes de entretenimento:

"O Cavaleiro Solitário" (The lone ranger, Gore Verbinski, EUA, 2013). Adorável faroeste repleto de efeitos visuais e cenários legais. O roteiro convence - até a sequência final vertiginosa dos trens descarrilhados. O único porém é a interpretação estereotipada de Johnny Depp. Apesar de mais comedido, ele não consegue se libertar das caras & bocas do Pirata do Caribe 1, 2, 3, etc.

"Oz, Mágico e Poderoso" (Oz, the great and powerful, Sam Raimi, EUA, 2013). a versão contemporânea para O Mágico de Oz. Vale pela chegada do mágico trambiqueiro no reino encantado psicodélico. O resto achei pra boi dormir.

"O Grande Gatsby" (The great Gatsby, Baz Luhrmann, EUA, 2013). Quase a mesma crítica acima. Os primeiros 30 minutos subsequentes à depressiva introdução são uma sequência feérica de festas no palácio de Gatsby, misturando encenação e figurinos de época (anos 1920) com jazz e rap atuais e muitos efeitos especiais interessantes. Quando Gatsby-Di Caprio aparece, tudo faz crer que será um grande filme. Porém, passados os primeiros momentos, o filme descamba para lengas-lengas românticas americanas que provavelmente fizeram Scott Fitzgerald revirar no túmulo.

Agora pouco, o "Faroeste Caboclo" (René Sampaio, Brasil, 2013). Assistindo aos trancos e barrancos. Parando a cada 5 minutos. Parece bom. Mas difícil de ver na telinha. O sotaque paraguaio do Pablo e a canastrice do Jeremias maconheiro sem-vergonha é desestimulante. As "amarrações"entre as personagens - para justificar e enriquecer a trama - são interessantes. As tomadas de Brasília também, apesar de potencializadas poeticamente. Espero que valha a pena pelo enredo, inspirado na linda canção de Renato Russo.

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Na telona do cinema:

Na quinta-feira, sessão das 22h - só para os esquisitos insones - fui ver Um estranho no lago (L'inconnu du lac, de Alain Guiraudie 2012). Sobre pegação gay em um lago frequentado por naturistas. Aparentemente trash, com cenas de sexo homo explícitas, tomadas lentas, personagens-clichês, diálogos bobos e final beirando ao ridículo. Porém a superficialidade é só aparência. O filme é constrangedor, inquietante. Saí da sala como se acordasse de um pesadelo, daqueles que a gente tenta gritar e não consegue. Nem precisa dizer que perdi o sono.

O clima de pesadelo deveu-se (ou se deveu? - eu nunca sei) muito ao tom amarelado, desbotado do filme, que eu pensei ser proposital. Quando fui compartilhar o trailer do Youtube, constatei o engano. A água do lago, o céu e os olhos do assassino eram azuis, a toalha da vítima e as folhas do bosque eram verdes, as pedras e a areia eram brancas - cores vibrantes - não nos tons pastéis da projeção. Trata-se de problema (congênito) das salas do Liberty Mall. Sugestão ao leitor: só vá lá se o filme for imprescindível e não estiver passando em outra sala de cinema.

(Para quem quiser saber mais sobre o filme, encontrei uma boa resenha e análise no blog Monoflux - http://moonflux.com/filme-inconnu-du-lac/).

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Ontem foi a vez do italiano "A grande beleza" (La grande belezza, Paolo Sorrentino, Itália, 2013). Pouco a dizer sobre o filme. Simplesmente extasiante. Dos filmes mais belos que vi nos últimos tempos. O título é plenamente justificável. Imagens arrebatadoras de uma Roma. Personagens felinianos, bertoluccianos, pasolinianos. Música sublime. Cenas, longas ou curtas sequências de tirar o fôlego.

Daqueles filmes imprescindíveis, que subvertem, que nos revolvem por dentro. Fossem 3, 4 horas de projeção (imaginei o sofrimento do diretor durante os cortes da edição), a intensidade do filme seria a mesma. Arte no mais pleno sentido. Toca o mais profundo da alma.

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Na fila do download, para serem vistos ainda hoje: "O bebê de Rosemary", que não tive coragem de ver nos anos 70, quando foi liberado no Brasil (tenho pavor de filmes de suspense e terror), e On the road (2012), do Walter Salles.

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