terça-feira, 17 de dezembro de 2013

diário do recife - dia 1


Aeroporto de Brasília pior que a rodoviária: vozes estridentes, altissonantes e ininterruptas anunciando voos, mudanças de portão de embarque, convocando a cada 30 segundos uma excêntrica senhora Katiângela que nunca apareceu. Embarque tumultuado. Comissários de bordo meio tontos. Resultado: gente embarcando em avião errado, gente embarcando muito depois do horário, gente brigando por lugar. Atraso de + de 1 hora, sem qualquer explicação. Isso é TAM.

Por causa das minhas pernas compridas e da bunda seca eu sempre escolho corredor. Pois no meu lugar já havia um homem sentado. Todo bonzinho, todo educadinho, todo meloso. No corredor oposto estava a esposa. Ele queria ficar perto dela, para que ela o beliscasse de vez em quando (palavras dele). Meu solícito e social companheiro de viagem cedeu o MEU lugar para o cara. Ou seja: ao invés de o docinho e a esposa sentarem-se na fila do meio/janela e deixarem os corredores para mim e para meu amigo, viajei espremido, na fila do meio.

A sorte foi ter trazido (ou levado?) o Safran Foer (Extremamente alto e incrivelmente perto). Li mais da metade do livro na viagem. (Falar sobre ele em postagem próxima).

O aeroporto de Recife está um luxo. Espaçoso, corredores bem iluminados, pessoal bem treinado. A bagagem chegou rápido à esteira e pela primeira vez na vida minha mala veio na primeira leva.

R$ 33 de táxi até o hotel que, ao contrário do que informava o Booking, não é em Boa Viagem, mas em Piedade (tecnicamente uma extensão de Boa Viagem, mas já no município vizinho) - Jaboatão dos Guararapes. Entendi a razão do preço da diária ser tão mais baixo que os demais hotéis pesquisados. Mas é ajeitadinho. Predião modernoso, com muitos vãos e poucos móveis, quadros abstratos legais nas paredes, elevador panorâmico. O quarto e ventilado e possui a janela mais bonita da região (vide foto acima).

Dormi com o barulho do mar e o vento de maresia. (E os roncos do amigo de quarto). Acordei de madrugada enjoado e entre pesadelos. Levíssimo jetleg (parece texto da Danuza Leão) por causa do horário de verão, que aqui não tem.

Café da manhã farto. Bolo de milho e de mandioca, bolo de coco, bolo de chocolate, bolo de puba, os tradicionais ovos mexidos com salsicha e até macaxeira e charque. Não arrisquei os últimos. Preferi deixar para o dia 2.

Depois, praia. Tempo nublado, mas quente. Sol até às 10 horas (só pra fazer companhia ao amigo. Fosse por vontade própria eu ficaria sob o guarda-sol para todo o sempre). Água-de-coco e papo esquisito do vendedor, finalmente guarda-sol e cadeiras reclináveis, mais água-de-coco, cochilo, papo diversificado (política brasiliense, presos do mensalão, crimes bombardeados na mídia, ataque às torres gêmeas - influência do Safran -, etc), deliciosa ducha do hotel e saída para o almoço.

O amigo desejando que o taxista descobrisse o restaurante (que não lembrávamos o nome) onde comemos há pelo menos uns 3 anos atrás. Aquele silêncio constrangedor no táxi, o motorista sugerindo outros lugares, o amigo impassível e irredutível. Por fim eu o convenci a descer no primeiro que passamos à porta.

Havia uma mesa de confraternização de fim de ano só de mulheres. Imagina a gritaria. Por sorte havia mesas na área interna, separadas das harpias (desculpem-me as leitoras, mas as moças da mesa comportavam-se como tais) - separadas das harpias por vidro blindado à prova de som. Um self-service bacana, com vários pratos de frutos-do-mar. Só não estava bom o cozido de lagosta.

De volta ao hotel o amigo demandou 3 horas de descanso. Vim para o deck, defronte ao mar, sob um pinheiro (!) enquanto escrevo este diário e me preparo para encontrar as queridas e adoradas amigas pernambucanas.

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