segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

diário de recife / carapibus - dia 3

A saída de Recife beirou ao caótico. Só por que choveu à noite. Pistas inundadas, ruas, calçadas, pessoas tendo que atravessar verdadeiros riachos de enxurrada. Falta infraestrutura de águas e esgotos. O motorista de táxi estava estacionado na mesma altura do hotel, porém do outro lado da avenida que atravessa Piedade (4 ou 5 pistas, automóveis em alta velocidade. Pois ele atravessou a rua perpendicularmente, para entrar no saguão externo do hotel,  fazendo o trânsito parar, só para não ter que retornar o quarteirão. Parecia um clipe daqueles americanos de gente que faz extravagâncias no trânsito e provoca acidentes espetaculares.

O motorista era bonitinho. Com aquele sotaque recifense tão gostosos que arrepia os pelos da nuca. O amigo encantou-se. Conversou com o rapaz o tempo todo. Era filho do dono do táxi. Estava tirando as férias de um motorista. Tanto que perdemos o rumo da locadora de automóveis, rodamos mais uns 15 reais, mas valeu a pena pela companhia.

A locação do carro foi outra novela. A locadora era um muquifo, escondida no estacionamento de um posto de gasolina, em frente ao aeroporto antigo. A recepção era um puxadinho, com bancos e mesa de cimento, daqueles tipo de praça. O carro era velho, duro, meio caindo aos pedaços. Pelo mesmo preço dos legais e novinhos das locadoras grandes.

Minha paciência e ânimo estavam no limite. A ponto de rodar a baiana ou a pernambucana. O amigo contemporizou. Esperei que ele desse o piti e saíssemos dali, até a loja do concorrente. Não rolou.

Demoramos a sair de Recife por causa dos engarrafamentos em Olinda e cidades vizinhas. Depois, um acidente invisível. A estrada é ótima. Já na Paraíba paramos em uma churrascaria para almoçar. Carne de bode, contrafilé e maminhas macias como solas de sapato. Por R$ 15,90.

Saímos da locadora às 11h e só chegamos a Carapibus às 16h. Tempo nublado mas agradável. Instalamo-nos na casa de Lucinha e fomos à praia. Anoitece cedo no Nordeste. A maré subindo, ondas descontroladas. Mesmo assim brinquei bastante. Caminhamos pela praia.

À noite fomos a Jacumã fazer compras e jantar. Peixe grelhado chamado meka, que pesa cerca de 600kg, salada e macaxeira frita.Tomamos 1 garrafa de vinho em casa,  conversando abobrinhas sobre MPB, cinema, teatro, etc.

Na parede da casa em frente surgiu uma barata gigante, com cerca de 10 cm. Ficou paradinha, observando (antenas perscrutando), prestando atenção ao papo. Ficou lá até a hora de dormir. Pela primeira vez na vida eu tive pena de exterminá-la com uma chinelada.

Tenho tido muitos sonhos, cinematográficos, que não me lembro ao acordar.

(pensando na Divina Comédia - o pecado da gula no Inferno e no Purgatório).


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