segunda-feira, 3 de março de 2014
leituras do carnaval: doris lessing - a terrorista
The good terrorist. Doris Lessing. 1985. Romance.
Por falar em solteironas inglesas, a personagem principal desse livro é Alice. 30 e poucos anos. Em um relacionamento estéril com o gay enrustido, meio cafetão (e bem mais novo que ela) Jasper.
Alice e Jasper fazem parte de um grupo de jovens, classe média, envolvidos com política de esquerda radical, que busca associação com o IRA. Ou contra o que chamam de fascismo capitalista. O grupo ocupa uma casa abandonada nos subúrbios de Londres.
Ao mesmo tempo que a autora esmiúça em detalhes os meandros do dia a dia de um grupo político clandestino formado por jovens de origem burguesa, demonstrando grande conhecimento da causa, Doris Lessing exagera, de forma proposital, nos jargões de esquerda proferidos pelas personagens, revelando uma ironia, ácida, tipicamente inglesa, com evidentes pinceladas conservadoras no entretexto.
A personagem Alice é muito bem construída. É uma espécie de mãe, provedora, protetora dos demais demais moradores da comunidade são delineados de forma quase caricatural.
O livro desenrola-se em dois focos antagônicos. Alice não vê limites morais (tudo em nome do ideal revolucionário) para transformar a casa abandonada em um típico lar inglês. Em vão, pois Jasper e Bert, líderes da comunidade, apesar de usufruírem do conforto proporcionado por Alice, menosprezam-na, criticando-lhe os valores pequeno burgueses.
Enquanto a casa é "reerguida" pelo esforço de Alice, ela própria vai se esvaziando, desmoronando internamente, anulando-se, acomodando-se.
O anticlímax do final é um ato terrorista mal planejado pelos habitantes da casa sem a participação de Alice, cuja opinião sensata certamente esfriaria os ânimos e estragaria a brincadeira.
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