quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Le diable au corps
Tinha o diabo no corpo. Bebê, jogava-se da cadeirinha por nada, a sopa quente, ou fria, ou com beterraba, ou. Na escola, piscina do clube, barbeiro, dentista, birras, pirraça, convulsões. Dúzias de pediatras, psicólogos, homeopatas, alternativos. Inútil. Era mesmo o diabo. Adolescência de sexo, sexo e sexo. Aos 10, os lençóis e colchão manchados, a parede ao lado da cama; horas no chuveiro; no banheiro da escola; na matinê do cinema. Aos 12 aconteceu. No vestiário. Com um cara de 18. O primo? O faxineiro? O professor de educação física? O monitor do 3º ano? Seguiu-se a lista. Médico, tio, os caras da antena parabólica, da natação, etc. O diabo muito bem alojado no plexo sacro, sexo, pelve, nádegas, coxa, pernas, pés. Corpo modelado por arte e vontade dele. Aos 17, pleno dos poderes. Levava a boate à loucura, anjo erguido, Jônatas. Dançava e dançava e dançava, o peito liso, branco, suor de lavanda escorrendo pela fenda nas costas, o cós baixo da calça. Divindade de todos e de nenhum. 18,19, 20. Ritmo alucinado, prazer, desejo, beleza. Orgia de viver. Aos 23, fotos na revista, filme. Rei todo-poderoso, senhor de si, e dele, o diabo. O que viria aos 30? O escuro, o medo, o nada, o vazio? Pulou do 20º, no dia em completaria 25.
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