domingo, 17 de abril de 2011

Brasília 2

(a partir de foto de Marcel Gautherot)
Ela já o tinha visto. E escolhido. Quando ele segurou-lhe a mão, com força, na hora dos fogos, ela sentiu no toque a casca áspera dos troncos das árvores que entremeavam as construções. Dos frutos travosos que lhe brotariam das entranhas. Que povoariam aquele lugar de sonho.

Então ele apontou o céu. Onde os fogos explodiam. Esferas, rosáceas, frutos de mil cores brilhantes se dissolvendo em chuva de luz antes de tocar o chão, os prédios de curvas e retas brancas, a poeira vermelha escurecida pela noite. Ele e ela pulsavam, únicos, multiplicados no instante, na luz, no espaço infinito que se descortinava.

Nenhum comentário: