sexta-feira, 22 de abril de 2011

Brasília 7

foto: Geraldo Vieira em www.henriquevieira@wordpress.com
Do vidro do carro ele olha. Espera, anseia enxergar o corpo, a pele branca do gigante-cidade deitado. O gigante-cidade que dorme à beira da água. Demora. Mas ele vê.

Dor, prazer, sentimentos que ele ainda não sabe exprimir. Pássaro grande demais, magro, desajeitado, estende as asas, o pescoço, o bico comprido no restrito da caixa torácica. Então ele canta.  O pássaro, o menino. Brado. Orgulho. Fibra. Arrojo. Palavras pomposas do hino sem sentido. O pássaro rompe. E adentra a cidade estendida por todos os ângulos da visão do menino.

Um comentário:

Gwavira Gwayá disse...

Na primeira vez que vim a Brasília, fiquei procurando pela cidade, meio perplexa... tive a impressão de que ela não estava lá, embora me sentisse imersa nela... Desde então, ela me habita...