No meio do cerrado, o lago. Prata, cinza, sob o arco avançando, garça, asa refletida, ponte. Mãos se estendem, crescem, se revezam para alcançar a outra margem, metro a metro, bloco a bloco, concreto, madeira, aço, carne, olho projetado no além. No sempre.
Dentro. O sonho. O sono de ontem. De anteontem. Dos dias ininterruptos. Das noites a fio. O fio da serra. Lâmina. Dedos mutilados pela máquina. Sangue riscando vermelho nos veios do madeirame. Borrando o amarelo da lâmpada de 100 watts que ilumina o canteiro da obra. Tingindo a prata da água, escondida pelo escuro, abaixo. O concreto em torno. A casca de mármore branco. O outro.
Um comentário:
Lindo, Glads! Um beijo!
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