Depois tudo é cansaço neste mundo subjetivado,
Tudo é esforço neste mundo onde se querem coisas,
Tudo é mentira neste mundo onde se pensam coisas,
Tudo é outra coisa neste mundo onde tudo se sente.
Tudo é esforço neste mundo onde se querem coisas,
Tudo é mentira neste mundo onde se pensam coisas,
Tudo é outra coisa neste mundo onde tudo se sente.
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Mestre de ódio e luz que sou eu mesmo. Mestre de lâminas afiadas. De estilhaços. De aplausos fáceis.
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Diálogo exaustivo de mim comigo mesmo.
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Especular o espaço entre um poro e outro na pele das coisas. Criar até destruir.
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Talvez ainda não seja. Mas pulsa. Estátua de mármore e lava de vulcão.
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Percorro uma espiral cônica interminável. Quando chego ao topo, caio em um fosso que me leva novamente à base. Prendo a respiração na queda. Para flutuar. Antes de ser atropelado pela motocicleta de Apolo.
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A essência da escrita à água rala das palavras faladas. Ser uma fortaleza muda. Iluminada com lâmpadas de mercúrio. Higienizada com clorofórmio.
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Eu me dilacerarei. Me libertarei da verdade. Talvez deixar escorrer a emoção. Talvez revelar segredos. Talvez vestir de cores os pensamentos. Talvez provocar revoluções.
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O que eu disse por último foi com gosto de mentira. Saboreia. Quando a verdade assomar, parecerá insípida.
Um comentário:
Poderia fazer um blog só de comentários sobre escrever. A seguir 3 exemplos mais à mão.
O bode velho Henry Miller escrevia para destilar o veneno acumulado durante anos e anos de uma vidinha falsa e medíocre. Ele se iludia pensando ideais nobres - do tipo recapturar a inocência - mas morria de medo de viver aquilo em que acreditava. Por isso, o máximo que conseguiu, escrevendo, foi contaminar o mundo com o vírus da desilusão.
Clarice equivocou-se ao diferenciar a loucura do criador da do louco patológico. Para ela, o louco errou em algum ponto no caminho da busca e foi parar direto na porta do hospício. O criador, aquele que escreve, ao contrário, parou na encruzilhada sem sinalização e realizou-se no próprio ato de loucura. Pra mim é tudo a mesma coisa.
Anaïs era mais doidinha. Não conseguia controlar os pensamentos, que fugiam em todas as direções, como um cardume de pequenos peixes de água doce.
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