domingo, 5 de junho de 2011

Pasífae

Contanto que seja anônimo. Eu gostaria de me lembrar. De esquecer. Desligue, por favor, o ar. Minha garganta, minha garganta. Punhais, sim. As lâminas afiadas da memória. As carícias de Ícaro. Como nas histórias. O garoto deitado. O garoto oferecendo-se. Cerejas. Morangos. Blueberries. Madrugada e os cães ladram. Ícaro. Cera derretida e esperma. A brisa do mar na janela. 2º andar. Direto do Estreito de Dardanelos. Meu Ícaro. Dédalus Acompanhantes. Dorme, Ícaro. Acalanto. Devassa, eu. Escrever com tinta vermelha no papel timbrado do hotel. D-E-A-T-H. A bomba de neutrons. No hálito dele. O garoto. Me rasgando toda. Máquina de sexo. Móbile contínuo. Táxi. Os poemas icinerados. A lua sobre a água. Desligue, por favor. Meus óculos. Vaca, eu. Carne. Em baixo, o oráculo. Os corvos. Não, era turvo. Lábios vermelhos úmidos de desejo. O touro branco de Posseidon. Chantagem de Papai Dédalus. Não. Eu ainda não era louca. Ah, os beijos do garoto. O garoto todo dentro de mim. Arcabouço. Vaca intumescida. Cio. Meu Ícaro dorme. Os 500 euros mais bem gastos da viagem. Matem os cães. Fígado. Um cigarro. Mande o garoto embora. Ontem. Desligue, por favor, o gravador. O rei é o único culpado.

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