terça-feira, 11 de outubro de 2011
a cama da princesa acorrentada - final
Com Armando estava sendo diferente. Relação madura. Sólida. Com cara de durar para o resto da vida. Talvez pelo fato de morarem em casas separadas. Um no apê do centro. O outro em um loft na Nova Barra.
Um belo dia Armando propôs uma loucura. Paulinho topou. Morarem juntos. O dinheiro do aluguel dos respectivos imóveis pagaria o aluguel de uma cobertura. Com vista para o mar.
Paulinho estava feliz. Armando também.
A cama da princesa acorrentada ressuscitou durante a mudança de Paulinho. "Que cama linda!" - Armando exclamou. Paulinho contou a história. Tanto tempo depois.
Pasmem, leitores, com as voltas que o mundo dá. Creiam na força do Destino. Nunca duvidem dos desígnios ocultos dos deuses. Dobrem-se sob o poder & a força da Lei do Eterno Retorno. Etcétera.
Armando conhecia a embaixatriz chiquérrima. Era amigo do filho dela. Viam-se pelo menos 2 vezes por ano. Quando Armando ia a Nova Iorque. Ou quando Adèle e o filho vinham passar o verão no Brasil.
Faltava 1 mês para o verão.
Armando resgatou a cama do esquecimento. Restaurou. Da mesma forma como Ricardinho fez. Há tantos anos atrás. Paulinho contra-argumentou: essa cama tem urucubaca. Armando riu.
Armando tinha muito bom gosto. Paulinho também. A cama ficou linda no quarto da nova casa. Que foi inaugurada no verão. Com a presença de Adèle, a ex-embaixatriz chiquérrima.
Adèle quase teve um piripaco quando viu a cama.
A cama da princesa acorrentada foi a sensação do jantar. Adèle confirmou parte da história do Carvalho. Um intenso e impossível e louco e arrebatador amor de juventude. Daqueles que a pessoa pensa em abandonar tudo para viver até as últimas consequências. Amor que só não virara escândalo porque o corpo diplomático abafou.
Porém, a parte da princesa acorrentada era pura fantasia. Do Carvalho. Ou de Paulinho. A cama tinha sido presente de casamento. Ou tinha sido comprada no Marché aux Puces, na época de estudante. Ou de um antiquário em Buenos Aires. Ou encomendada pelo embaixador. Adèle não se lembrava.
Depois, para amenizar o clima, acrescentou detalhes engraçados e picantes. Que só as embaixatrizes chiquérrimas conseguem narrar em público sem resvalar na vulgaridade. Todos riram muito. Na sacada da cobertura. Até o dia nascer. E todos se despedirem. E Paulinho e Armando dormirem. Na cama. Que não era mais da princesa acorrentada.
Acordaram às 2 da tarde. Com Adèle chamando ao celular. E viverem felizes para sempre.
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