a partir de imagem do blog http://antonioregis.blogspot.com |
--
Adivinha? A cidade inteira sabia. Menos o pai. Me flagrou com o padeiro. 15 anos. Só não me capou porque a mãe entrou na frente. Me arrepio todinha. Fugi pro Recife. Depois o pão que o diabo amassou em São Paulo. Até dormir debaixo do viaduto. Se não fossem as amigas...
--
Glamour, querida. De São Paulo para o mundo. Portugal? Tipo a porta de serviço da Europa. Nem morta. Tu acha? Desperdiçar o corpinho em escudos? Paris era só vôo lotado de extraditadas. Madri foi o destino, entendeu? Vidas passadas. Sangue cigano, querida. A Cleyce botou tarô. Só podia ser Madri.
--
A dona da pensão. A madrinha da gente. Escolheu o nome. Do Cabrobó, acredita? Imagina, querida, chegar morta de fome de madrugada, um prato de feijão com carne quentinho te esperando? Só mesmo a Cleyce. Ajudava demais. Anjo da guarda. Travesti entrava e saía o tempo todo. Só pra dormir. Não podia levar ninguém.
--
Tinha umas que ficavam amigas. Pegavam confiança. Perigosas. Na primeira oportunidade dopavam a criatura. Limpavam tudo. Dinheiro, roupas, bijus, droga. Tudo que não estivesse aquendado. Aquela história: bicha burra nasce morta. Eu? Nunca. Nem uma agulha.
--
Tem cliente de todo tipo. Príncipe? Se existe eu nunca vi. É só sexo, querida. Muita sujeira. E dinheiro. Coisa de bicho. De bicho não. De gente. Mudar de vida? Olhe, não faltou oportunidade. Tu acha? Só em filme. Não dura nem 1 mês. Eu nasci para isso.
--
Olhe, querida, eu sempre me cuidei. Droga? Nunquinha. Voltar para a Paraíba? Só morta. Ou por cima de muita carne seca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário