quinta-feira, 11 de abril de 2013

avós (5)

Do avô materno eu sei pouco. Era calado e nunca levantou a mão nem a voz para os filhos.

Conduzia o carro puxado por 2 parelhas de bois pelo sertão, viagens que duravam meses, levando arroz, milho, feijão e couro de Goiás e trazendo sal para as vacas, arame farpado para as cercas, tijolos de marmelada de Poços de Caldas e cortes de vestidos para a avó Maria de Beda e para as meninas. Apesar de bucólica, poética, idílica, a vida devia ser dura.

Só vi um retrato do avô Manoel, apelidado Beda. Foto antiga ampliada, retocada e colorida por outro Manoel, prenome Zé. Emoldurada em prata, dependurada em um canto de uma sala onde quase ninguém visita.

O olhar era do avô Beda era bovino de tão doce. Expressão secular de cansaço. Usava um bigode espesso, castanho, bem penteado. Além da testa alta encimada por topete estranho. Acredito que o exagero do bigode e a altura do topete não era uso do avô roceiro. Provavelmente foram os retoques artísticos ao retrato desbotado, feitos por Zé Manoel.

...

(Zé Manoel é fotógrafo e marido de tia Cleu, cujas histórias virão quando chegar a vez dos tios).

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