sábado, 11 de setembro de 2010

Aproveitar o período dinâmico


Hoje saiu o Mago, o primeiro arcano. Conselho: aproveitar o período dinâmico. Com as seguintes atitudes: a) quebrar a rotina; b) experimentar ideias novas; c) renovar, fazer diferente (em itálico!); d) tentar outro curso de ação; e) preparar-me para encontros inesperados e conversas libertadoras; f) espanar a poeira; g) abrir-me ao novo; h) bater um papo com pessoas que surgem do nada; i) libertar-me de uma forma antiga e superada de abordagem das situações. Cada alínea daria uma história. Que, por sua vez renderiam sub-histórias. Um post infinito, como em Borges.

Restringi as possibilidades. Comecei uma história sobre transformação. Antes da história foi necessário explanar sobre os setênios da antroposofia. A explicação estendeu-se e a história mais ainda. Se publicasse tudo junto, na certa M reclamaria: aff! você é tão prolixo! Por isso dividi em duas partes: hoje as noções holísticas e em breve oportunidade a historieta propriamente dita:

De acordo com a antroposofia, a vida humana é dividida em estágios de desenvolvimento que ocorrem de sete em sete anos. Esses estágios ou ciclos são chamados setênios. Ao final de cada setênio encerram-se processos transformadores fundamentais no indivíduo e iniciam-se outros.

A infância e adolescência estão compreendidas nos três primeiros, também conhecidos como os setênios do corpo: De 0 a 7 anos, nós estamos abertos ao mundo; nossa confiança é ilimitada; não somos capazes de julgar; não compreendemos o pensamento dos adultos; aprendemos por imitação. Dos 7 aos 14, a nossa anima desenvolve-se; nosso corpo emancipa-se; interagimos aos estímulos externos de maneira sistemática; interessamo-nos e admiramos as coisas do mundo; iniciamo-nos na área dos sentimentos; entramos na puberdade; e preparamo-nos para a iniciação sexual. Dos 14 aos 21, as forças anímicas liberam-se; enxergamos mundo de forma lógica, analítica e sintética; ansiamos por explicações conceituais e intelectuais; ansiamos sermos compreendidos; ansiamos a verdade; e estamos prontinhos para perpetuar a espécie.

Os três setênios seguintes, também denominados setênios da alma, compreendem a idade madura: De 21 a 28 anos nós completamos a formação moral, profissional, ética; transamos com todo mundo; pensamos que somos os donos no mundo. Dos 28 aos 35 nós já passamos por todas as experiências básicas da vida; é a hora de casar, ter filho, família, sogros, cachorro, papagaio; terminamos o mestrado; compramos casa financiada, carrinho básico; pensamos em escrever o primeiro livro; preparamo-nos para desfrutar as nossas realizações. Dos 35 aos 42 rolam alguns ajustes, as experiências profundas, as grandes responsabilidades do cidadão, a concretização do livro, o divórcio, etc. A partir dos 42 é a fase do usufruto pleno das conquistas.

Dos 49 em diante é a hora da espiritualidade. É quando querendo-se ou não, começa o declínio da matéria. É a corrida contra o tempo, e salve-se quem puder.

Pois bem. Meu sétimo setênio está chegando ao fim. Em breve adentrarei o oitavo. Vaidoso que sou, paranóico, pessimista, realista – já percebo os efeitos da passagem do tempo, a derrocada do corpinho, a irremediável idade provecta. Ainda não sei se o oitavo setênio será bom ou ruim. Enquanto descubro, contarei a história de O. O sempre seguiu os conselhos do Mago. Sua vida era o próprio momento dinâmico, e O aproveitava todos. O trecho a seguir narra a passagem do décimo setênio de O. Quando ele pintou os cabelos de preto, comprou um fusca vermelho e casou-se com uma franguinha de 18 anos.

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