terça-feira, 22 de novembro de 2011

escritos arqueológicos parte 2

Você é eu e eu sou você nesse nosso jogo de espelhos. Eu me enraizo e você floresce no galho mais alto da árvore do desenho amassado. Eu broto vegetação rasteira. Você, fruto maduro prestes a arrebentar. Somos o princípio das coisas. Desde o princípio. Também o término.

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Toca-me o corpo com teu corpo inteiro, pois meu tato é morto. Com gritos, pois meus sons são surdos. Com luz e fogo, pois costurei meus olhos. Com teu cheiro de flor e súlfur. Com tua língua que me abre e te deposita inteiro em mim.

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Tudo em volta brilha e me obscurece. Sou a imagem oposta ao que vem de fora no espelho. Eu me abro. Antes que a força do acaso - regente de todas as outras - me aniquile. Antes que o tempo me engula.

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Concordo: é preciso esgotar nosso diálogo.

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