terça-feira, 8 de novembro de 2011

podem me chamar de meg, a medonha

Ele refém voluntário no castelo. Tecendo desculpas & justificativas & mentiras. Banho tomado & perfume & desodorante. Protelando a fuga. Ou esperando o salvador. Ou pronto para ser devorado. O que lhe importa é o papel de vítima.

Lá fora o príncipe-palhaço. Envelhecendo sem obter êxito na empreitada auto-imposta. Os ramos de espinhos crescendo em dobro a cada golpe da espada. Como as cabeças da hidra. Ingênuo ignorando a má vontade do prisioneiro em se ver livre.

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Hoje estou doido para cometer pelo menos duas das atrocidades psicanalíticas abaixo:
- Barbazul: roer o cotoco de braço ou uns artelhos tenros do ladrão da rosa branca;
- Bruxa: empurrar o príncipe usurpador da virgindade de Rapunzel janela abaixo;
- Madrasta: convencer o pai a dar o sumiço nos pentelhos João & Maria;
- Rainha má: oferecer a maçã envenenada à tola Branca de Neve.

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Quisera, agora, ter mesmo essa verve. Assumo, admito, bato no peito 3 vezes: estou mais para o incauto Dom Ratão. Que caiu na panela de feijoada na véspera do casamento com a Dona Baratinha que tinha dinheiro na caixinha.

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Oremos:
Santa-Meg-das-personagens-críveis, se ele acordar e me beijar eu prometo tentar ser uma criatura melhor de agora em diante.
Santo-Máicon-dos-bons-enredos, eu vos suplico: dai-me hoje um final feliz.