A princesinha picou-se no fuso envenenado da roca que se encontrava na sala mais isolada do castelo. Desceu escadarias em espiral de três em três degraus. O roçar da seda das saias da princesinha nas paredes de pedra da escadaria deslocou o ar parado e desencadeou uma ventania de coincidências.
A princesinha esbarrou logo em mim e me pediu socorro. Mesmo tendo tanto o que fazer eu sosseguei-lhe o desespero. Eu me fiz todo dela e a conduzi ao salvamento.
Enquanto aguardávamos na antessala da fada-madrinha nós conversávamos. Sobre os amores irreais e irrealizados dela e meus.
Mal eu nomeei, à toa, um que há tempos me tirava do sério, aproximou-se, vindo do fundo do corredor e materializou-se à nossa frente - tão surpreso quanto nós - o antagônico, o complemento, o amante dele.
Uma gargalhada tripla ecoou uníssona pelos paredões do purgatório.
Em 7 segundos a fada-madrinha curou a picada da princesinha. Tirou de mim e devolveu ao amante aquele que me atazanava a alma.
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