quarta-feira, 25 de setembro de 2013

poemas portugueses - casimiro de brito

Caverna. Praia do Benagil. Portugal. De: http://jp-lugaresfantasticos.blogspot.com.br

Ao cimo da Fóia

Lá muito ao longe os olhos decifram
o perfil dos rios a gramática
ora suntuosa ora
seca
das praias
enquanto na memória se concentram
páginas de areia armas
sem gume símbolos da noite

Branca desesperada


...


Templo submerso
(Benagil)

O mar descobre em seu tempo
de aridez

Templo onde brilha a lenta
madrugada do mundo pedras desprendidas de
formadas
pelos elementos em isita
vigilante

Pedras ou pássaros gravados na sombra barcos
de rosto humano

Essa é a outra face da ferida
talhada no centro da terra no centro
do sol pelo fulgor das marés pela ternura
de armas marítimas

O mar o alimenta com seus frutos
de plena infinitude

O tempo a paciência


...


Os três castelos
(Praia da Rocha)

O perfil sereno o metal desprendido esculpido
nestas rochas a desolada confiança
no tempo no vínculo da morte
em movimento

A ternura generosa do
silêncio

Depuram

O nosso orgulho desmedido os nossos passos
de cinza as nossas guerras
em círculo

Dentro do pó


...


(Casimiro de Brito, de Mesa do Amor, 1977)

(Fóia é o nome do ponto mais alto do Algarve, na serra de Monchique, em Portugal. É acessível por estrada a partir de Monchique. Tem 902 m de altitude e uma proeminência topográfica de 739 m. Nos dias claros é possível ver o oceano Atlântico. Fonte: Google maps).

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