sexta-feira, 27 de setembro de 2013

diário repetitivo

Finalmente (às 22:53) a sexta-feira chegou para ficar. Saiba as razões da demora a seguir:

1.
Lembram-se do post sobre a crise convulsiva da cadela? Que eu pensava serem-lhe aqueles os derradeiros dias de vida? (se não se lembram, releiam aqui). Pois a situação inverteu-se. É como se aquilo nunca tivesse acontecido. Pandora, aos 12 anos, retomou a integral e irrestrita disposição da juventude.

Mais uma vez a lição reaprendida com ela: viver vale a pena. Sempre. A qualquer instante. A todo custo.

2.
As infiltrações apareceram logo na primeira chuva após terminada a reforma da casa nova. Deixei passar. Até o limite do suportável. Ou seja, 2 anos de goteiras, manchas de mofo no teto do quarto e cascas de pintura caindo na cabeça dos convidados.

Então pedi indicação de mão-de-obra confiável.

Veio o Kleyton. Alardeando o tempo todo a própria honestidade e a qualidade do serviço. Oferecendo garantia irrestrita. Prometendo mundos e fundos.

Kleyton quebrou, descascou, impermeabilizou, sujou, substituiu. Me fez gastar em material pelo menos 2 vezes o dinheiro que eu não tinha. Faltou, atrasou, me enrolou e me infernizou a vida por 30 dias. Como de praxe, 2 dias após a entrega do serviço (e consequente pagamento), choveu a primeira chuva da primavera no cerrado - e com ela a mesmíssima infiltração.

Kleyton detectou novos problemas. Na quarta-feira arrancou as portas e as janelas do local afetado. Na quinta-feira, após os meus pedidos desesperados, mandou o ajudante cobrir os vãos com lona plástica. Pois que estava a terminar outra obra e viria me socorrer assim que pudesse.

A lona plástica foi mal colocada. O vento arrancou-a na madrugada. Liguei ao Kleyton hoje cedo. Receando a chuva prometida para o final de semana. Ele veio ao final do dia. Prometendo solução definitiva até, no máximo, a segunda-feira próxima. Mas o plástico - ouço o farfalhar ao vento agora, na madrugada - descolou (talvez irremediavelmente) de novo.

Que os deuses e as iabás velhas segurem a chuva prometida pelo menos até segunda-feira cedo.


3.
Ainda tem a praga dos besouros. Como no Egito bíblico. É impossível acender a luz sem o ataque da horda desses coleópteros (do tamanho de uma mosca) cuja razão de existir resume-se a uma noite esvoaçando em torno de qualquer foco de luz, seguido de uma manhã de estertor com as perninhas pra cima, uma vassoura e uma pá de lixo que os varram à primeira claridade do alvorecer e um sepultamento coletivo (milhares de semelhantes ainda vivos e esperneantes) na lixeira da cozinha.

Mais as baratas voadoras que me perseguem desde a ancestralidade remota.

4.
Há também o cenário. E a burocracia infinda e kafkiana do projeto cultural. Preencho recibos, guias, cheques, formulários. Visito o teatro, converso com o técnico, pechincho, negocio, compro material, devolvo, peço notas fiscais, penso e repenso, abandono, retomo soluções. Como no diário-gerúndio de ontem:eu não vejo a hora de acabar.

5.
Os meses de julho e agosto próximos-passados (adoro essa expressão) foram punks. Jet-leg, gripe, inércia e depressão prolongadas (vide a escassa produção no blog).

A cura deu-se à base da milagrosa homeopatia do Dr. Basílio, do floral anti-pânico-social e da atividade física beirando à neurastenia. Cujas consequências são um possível cancro de pele em decorrência do excesso de sol, o latejar constante da musculatura das costas, o ombro prestes a travar de vez e o desgaste da articulação do fêmur.

6.
Adquiri uma panificadora doméstica. Daquelas que é só despejar os ingredientes e acordar na manhã seguinte com um super-pão quentinho e perfumado esperando para ser devorado.

Fazer o próprio pão é uma experiência ancestral. Sagrada.

Experimento. Invento. Subverto as regras das receitas. Pão da aveia, pão integral, pão de gergelim, pão caseiro, pão rápido, pão demorado, pão que cresce, pão que sola, pão de goiaba, pão com besouro para ser jogado fora. Ad infinitum.

Por isso eu me esmero nas atividades físicas descritas no item anterior para compensar os possíveis excessos.

7.
Para completar, o convite para participar da antologia.

Confesso: sem tempo, pique ou disposição para produzir textos novos e consistentes. Dignos dos demais autores. Apesar de toda a compreensão e condescendência do organizador do projeto.  Propus o caminho aparentemente fácil: resgatar textos do blog.

Levei adiante. Acha que é fácil escolher 25 entre quase 1.200 postagens ao longo dos 3 últimos anos?

(Resultado da primeira repescagem: 159).

8.
Ia me esquecendo do projeto Saia-da-solidão-e-tire-o-atraso-em-2-cliques-e-uma-carinha.sorridente-no-skype (para bom entendedor, meia-palavra basta). Projeto este adiado indefinidamente. Por falta de quorum.

9.
Por tudo isso dei um tempo. Comprei um espumante agora há pouco. Bebido até a última gota no exato instante em que te escrevo.

Sei que falta fazer uma infinidade de coisas. Ligar para a amiga operada. Para a que iria operar. Para a amiga cujo pai está doente. Para o provável e quase impossível namorado. Para a futura nora. Para a diretora da peça. Para seduzir o protagonista da peça. Para organizar o almoço de aniversário dos 90 anos da mãe. Para adiar a aula de alemão da próxima terça-feira. Para marcar a vistoria no Detran. Renovar o seguro. Procurar receitas na internet. Preparar o material da montagem. Agradecer à veterinária. Pedir nova receita ao homeopata. Marcar a acupunturista.O massagista. O dentista. O acompanhante.

10.
Na repescagem dos textos para a antologia encontrei um que se encaixa perfeitamente no momento atual (são 0h07min). O título é "Libações". Para quem não leu ou quiser reler, clique aqui.

Nenhum comentário: