terça-feira, 24 de setembro de 2013

pergunta da caixinha: qual a melhor idade, e por quê?

A infância ficou envolta pela névoa translúcida da memória. Contaminada pelo sonho, retocada pelas cores psicodélicas da fantasia e da ficção e das lembranças de veracidade duvidosa. A adolescência foi só sofrimento, rejeição, desajuste, inadequação. A primeira etapa da idade adulta (dos 20 aos 30) foi uma árdua passagem da adolescência. Acrescentada de paixões, ideias, ideais utópicos. Depois dos 30 anos veio uma espécie de inquietação ainda tênue. Lado a lado com a psicanálise, as realizações, os amores e desilusões grandiosos. Veio também a pressa em adquirir, ter, produzir, mostrar, transmitir perpetuar. Aos 40 a inquietação dos 30 germinou em uma promissora consciência do ridículo de existir. Sim, o amadurecimento, como um parto a fórceps.

Perder para sempre a pureza, a inocência, a impetuosidade, a beleza, o frescor, a vitalidade, etc da juventude com a passagem para os 50 anos provocou uma crise intensa. (Em alguns casos a crise é irrevogável). Caiu a ficha da consciência da finitude.

Porém, superada a crise, a pessoa floresce. Sem arroubos, ímpetos, com menos contradições. Mudam gradualmente o olhar, a perspectiva, o horizonte. O que era esmaecido revigora-se. A essência sobrepuja-se à aparência. Mais silêncio do que forma. Arrebatamentos pequenos, médios ou grandes vêm e vão, como vão e vêm, de vez em quando, uns lampejos lúcidos de loucura. E aos 60, 70, 80? Há que se chegar lúcido e razoavelmente saudável aos 90? Só queria que daqui por diante o passar pelos dias fosse cada vez mais suave e doce e intenso e cheio de novidades.

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