sábado, 29 de setembro de 2012

ela

Era depois que apagavam-se as luzes. O que víamos, ou o que pensávamos ter visto, ou ainda o que poderíamos apenas ter sonhado era pouco mais que uma variância de tom menos escura do escuro que nos envolvia.

Antes mesmo de vê-la, se é que a víamos, o que confirmava a passagem dela por nossas camas era o arrepio, mesmo que não fizesse frio, permanecido na pele, nos braços de uns, entre o ombro e o pescoço de outros, nas costas da mão, como se a visão dela fosse o roçar peludo de bicho peçonhento que só se despregava quando, em outra noite, vinha de novo fosforescer em outras partes dos nossos medos.

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