quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

escritos arqueológicos / fragmentos proto-históricos

Pausa. O silêncio das eras. Das esferas. Respiro. O escuro. O vazio contraditório que permeia os corpos sólidos. Os corpos etéreos. As estrelas. Os quasares. Os buracos negros. As nuvens radioativas. Aguardo o fim.
...
Não me lembro onde eu estava quando choveu ouro. Quando o touro fecundou a rainha. Quando a águia raptou nosso filho. Quando o barco atravessou as caribdes. Quando a pera rolou de novo montanha abaixo. Quando o abutre arrancou teu fígado. Quando cuspiram no rosto da moça. Quando ele se virou para olhar a morta.
...
Sonhávamos.
...
Nereidas acompanham o nosso último banho de mar. O seu corpo branco contra o cinza da água. Contra o cinza do céu. Contra o cinza da areia. Os primeiros pingos da chuva lavam a tinta do cabelo do homem até o desejo dele secar.
...
Paciência. O que ainda nos falta?

Nenhum comentário: