sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

escritos arqueológicos / fragmentos proto-históricos 2

Halo. A lua sobre os telhados da cidade submersa. Os olhos vermelhos dos peixes-curiangos. As folhas das árvores-algas ao sabor das correntes aquáticas. Barcos fantasmas singram a superfície. Esqueletos amarrados nos mastros. Fogos-fátuos. Sirenes. Um farol ao longe.
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Espíritos dos ancestrais vagueiam à noite no pomar. Na amurada. Nas escadarias do salão nupcial. Roçando os cascos dos barcos na areia. As pedras das soleiras. As vigas dos casebres. Atravessam as grossas portas inutilmente protegidas por escapulários & bentinhos. E se aninham ao pé do fogo contando histórias para ninguém ouvir.
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Imagens do dia: Os fragmentos do corpo cobertos por um lençol de neve. A mulher diante dos destroços amamenta o bebê-caveira. Os enforcados na praça vermelha oscilam ao sabor da brisa. A nau dos enjeitados encalhada no telhado. A morte do homem-girafa e o nascimento do orangotango albino. O alarme das sirenas na travessia de Gibraltar.
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Dormir o sono eterno e só acordar depois do meio-dia.

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