(Detalhe de vaso. Hetaira. De um site erótico russo intraduzível) |
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O movimento estava fraco no templo de Hércules, em Roma. O sacristão não tinha o que fazer. Por pilhéria, convidou o semideus para jogar damas (dados, no original). Falando sozinho, apostou que se ganhasse, Hércules teria de enviar-lhe alguma felicidade, sem explicitar qual. Se perdesse, prepararia um jantar chique e conduziria uma bela mulher para deitar-se com ele [com o herói divinizado].
Hércules ganhou a disputa imaginária. Melhor seria não arriscar o castigo divino, pensou o sacristão. Cumpriu a promessa. Mesmo sabendo ser uma pândega. Preparou para Hércules pasta com molho funghi, cordeiro assado com molho de hortelã, serviu vinho chileno de uma boa safra e musse de chocolate na sobremesa. Pra completar o pagamento da aposta, alugou essa cortesã Larência, que era muito bela, mas ainda não famosa.
O sacristão fez faxina, arrumou a mesa, a cama de casal e o banho na suíte do templo. Trancou lá a moça lá e foi para casa dormir. Assim que saiu, Hércules materializou-se. Fartou-se de comer. Elogiou o tempero da comida e as novidades eróticas de Larência. Ficaram juntos até de madrugada. Na despedida, Hércules ordenou que Larência cumprimentasse o primeiro homem que encontrasse na rua.
A moça não entendeu mas obedeceu. Afinal, era ordem de uma criatura divina. Cumpimentou o madrugador Tarrúcio, homem já muito idoso, que havia acumulado muitos bens e não tinha filhos, bem como nunca fora casado. Foi amor à primeira vista. Com a bênção de Hércules. Casaram-se e viveram felizes para sempre.
Sortuda Larência. Herdou a fortuna do idoso Tarrúcio, que bateu as botas no primeiro ano do casamento. Larência tornou-se uma senhora muito famosa e honrada. Ainda por cima Hércules no topo da lista de antigos clientes.
Quando Larência morreu, deixou a fortuna para o povo romano. Foi enterrada no mesmo lugar da xará, colega de profissão de outros tempos, e mãe postiça dos fundadores de Roma.
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