quinta-feira, 3 de março de 2011

Blue quando tudo está irremediavelmente morto (do Livro dos Cacos)

2. O coiote

As costas e os flancos iluminados pelo clarão da lua. O inconfessável. Uivo.

Estalido. Corujas revoam nos galhos. Morcegos esvoaçam. Em seguida silêncio. Ele se aproxima. Pegadas sobre o chão de argila e gravetos.

Espreita a presa. Descuido contra a atenção. Contra dentes e garras e fome e sede e ódio afiados.

Vento. O bote. Preciso. O coração a galope. Pescoço estraçalhado.

O sangue na laje gelada coagulado pela noite. Lavado pelo orvalho da madrugada.

Um comentário:

Gwavira Gwayá disse...

Texto preciso como a lâmina de um bisturi, ou os caninos do coiote.
Ainda bem que o pescoço não foi o meu!