quinta-feira, 24 de março de 2011

Era sábado

era sábado / nublado / abafado / acordamos tarde / e tomamos café / e ficamos observando o tempo / penetrando nele / respirando a secura do ar / a modorra da manhã / parecia que ia chover / as frutas implodiam de maduras / sensação de clarice / depois das baratas / depois de ouvir rádio na madrugada / para que as palavras, as horas, as músicas, as notícias fossem lastro / para nos prender ao mundo / os fatos concretos, os fatos objetivos, a realidade viva / contra o inefável / a especialidade dela era capturar a essência das coisas / extrair a imaterialidade do real / transformá-la em uma sequência de palavras / que soam como mantras / que resgatam de dentro do ser o ponto de contato com o divino / dizer isso é mais óbvio que falar que água não tem cor

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