domingo, 20 de março de 2011

(do Livro dos Cacos)

horas corroídas pelo vácuo. cidades soterradas.

quadrilátero estático. cadeira no deserto. cavalo cego.

pisar o próximo passo na direção do irrevogável.

recolher-se ao próprio desespero.

às 5 horas da manhã, cheirando a sono e sonhos azedos, cantarola enquanto penteia os cabelos. às 9, ainda coberta pelos resquícios da noite, mergulha inteira noa claridade das cores das coisas da segunda-feira protegida por óculos escuros. às 11, chora ao cortar cebolas, anéis de emoções súbitas misturadas aos tomates, cozinhando no molho amarelo dentro da panela preta. à tarde, cabelo molhado, diante do espelho, celebra a proximidade do escuro e pinta-se para o jantar.

Nenhum comentário: