Chiquinho e Francisquinho eram casados. Ou melhor, união estável. Com direito a plano de saúde, financiamento imobiliário. Até adoção, se quisessem. Os médicos eram bons. O apartamento com vista para o mar. Chiquinho planejava presentear um cão a Francisquinho no quinto aniversário de namoro.
O amor entre Chiquinho e Francisquinho era lindo. Resistiu à volubilidade homoerótica, às festinhas, às saunas, à net, à maledicência, à inveja. Coroado de rosas cor de rosa, a foto dos dois na praia em moldura dourada, as iniciais dos dois entrelaçadas, bordadas nas toalhas.
A convivência era sincrônica. Logo cedo, enquanto Chiquinho tomava banho, Francisquinho escovava os dentes. Enquanto Francisquinho preparava o café, Chiquinho escolhia as gravatas. Enquanto Chiquinho passava margarina light nas torradas diet, Francisquinho procurava as chaves do carro.
Compravam roupas na mesma loja. Preferiam o mesmo vinho. O mesmo prato no restaurante japonês. As mesmas músicas. Quando podia, Francisquinho buscava Chiquinho na Faculdade. Eram vistos sempre juntos, par perfeito, no aniversário do chefe de Francisquinho, na balada do sábado, na caminhada no parque, bermudas brancas, boné e fone de ouvido, empurrando dois carrinhos no supermercado, no cinema do domingo, etc.
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