quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Chiquinho e Francisquinho - 21


Não precisou. O filho de Sêmele estava bem humorado. Primeiro não deu bola para a promessa, que ele sabia, mortal nenhum seria capaz de cumprir. Bonachão, o deus-brother foi intempestivo. Como se se materializasse do outro lado da parede. Na sala onde a galera conversava alto. Colocou, literalmente, palavras. Justo na boca de Chiquinho: Caramba, que calor. Que tal terminar o trabalho no boteco da praia?

Ufa!

Foram. Donald inventou um imbróglio para Francisquinho vestir-se enquanto que o pessoal saía.

Francisquinho perdeu a noção do tempo. Vagou a esmo uma eternidade pelo bairro retomando o fôlego, recobrando as forças, processando os fatos. Chegou em casa à noite.

Como não havia no armário os doze bois prometidos a Apolo, Francisquinho assistiu o fim do Bergman no DVD. Os Kurossawa. O Win Wenders. Os Fassbinder. Os iranianos. Prestou atenção a cada sílaba pronunciada, mesmo sem entender sueco, alemão, japonês, iídiche, árabe. Cada entrelinha das legendas. Até o último crédito em letras ilegíveis.

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