Francisquinho guardou os cogumelos, os tomates e o refrigerante na geladeira. O sorvete e as pizzas no congelador. O macarrão e o molho no armário. As tangerinas na fruteira. Coçou a barriga de Bob estatelado no tapete da sala. Levou os filmes e a caixa de chocolates para o quarto. Tomar uma ducha, assistir um filme e depois preparar o almoço.
Começou por Priscila. Parou na metade. Cochilou nos primeiros 10 minutos do Kurossawa indicado pelo chefe. Trocou por uma das comédias. Evitando os pornôs, reservados para a insônia na madrugada. Para quando a saudade de Chiquinho apertasse. Quem disse que prestava atenção? Tudo chato. Demorado. Lento. O drama, o rosto de Ingrid, as rugas de Catherine, as roupas e as piadas sem graça de Bernadette, Mitzi e Felicia. Ah, como a vida sem Chiquinho era vazia.
Quase 3 da tarde. O estômago roncava. Preparou peine ao funghi e ervas. Maravilhoso. Do jeito que Chiquinho gostava. Colocou os dois pratos na mesa, talheres, dois copos, dois guardanapos. Serviu-se, se muito, três garfadas e quase meio litro de coca-cola. Tão triste. A ponto de chorar.
Assim passou a tarde. O início da noite. Entre o quarto e a geladeira. O banheiro e a varanda. O chocolate, as batatas pringles e a coca-cola. Entre um trecho de filme e o zapping na TV a cabo. Entre o passeio vespertino de Bob e o prato de macarrão aquecido no microondas. Entre o primeiro cálice de vinho, outro e outro e a segunda garrafa de vinho aberta.
Vontade de ligar para Chiquinho, mandar uma mensagem, volta, tô com saudade. Não, aquilo não podia continuar.
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