Até Chiquinho telefonar. À meia-noite. À cobrar. Nem deu tempo para Francisquinho perguntar nada. Muita chuva na serra. Estavam ilhados. Só voltariam, se estiasse, na terça-feira.
Chiquinho ligou de novo. Só na terça-feira. Dizendo que tinha acontecido muita coisa naqueles dias. Que tinha pensado muito. Que precisavam conversar. Que não voltaria para casa. Ainda. Que Francisquinho entendesse.
Francisquinho entendeu.
Segurou o portarretratos dourado. A foto dos dois em Guarapari. O cartão com a frase sobre superação de crise ainda sobre o aparador. O boné de Chiquinho largado no sofá. Pensou em consolar-se com Donald. Desistiu de ligar. Abriu a geladeira. Fechou. Abriu de novo. Foi até a janela. Voltou. Ao quarto. A cama. A escova de dentes de Chiquinho na bancada do banheiro. Uma bola de estopa entalada na garganta. As lágrimas, o choro que não vinham.
Nem se deu conta de Bob, abanando o rabo, seguindo-o como sombra, por todos os cômodos do apartamento.
Era mesmo o fim.
Um comentário:
Que pena! estava torcendo pelo casamento deles!
Abraços
Juliano.
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